Nesta minha viagem à Califórnia tive o privilégio de ainda apanhar o final da Festa de Nossa Senhora dos Milagres, em Gustine, ou seja a partir do dia 9 de Setembro, Domingo.
Estas grandes Festas foram este ano presididas por António e Filomena Nunes, da família Nunes dos arredores de Angra do Heroísmo, que primaram por fazer uma festa de alto nível.
As festas decorreram entre os dias 31 de agosto e 10 de Setembro, sendo até ao dia 5 apenas a parte religiosa. Esta parte da festa foi este ano presidida pelo padre Adriano Borges.
Na parte profana começamos pela quinta-feira, dia 6, com uma excelente noite de fados, com a presença de duas vozes do continente português – António Pinto Bastos e Teresa Tapadas – e duas locais: Zelia Freitas e Jorge Costa, todos acompanhados por Hélder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiro, do grupo “7 Colinas”.
A noite de sexta-feira, dia 7, foi preenchida com a presença do Grupo Folclórico e Etnográfico da Ribeirinha “Recordar e Conhecer”, vindo da ilha Terceira, e que tem andado em digressão por diversas cidades da Califórnia. No dia 13, o Grupo marcou presença em Tracy para uma recepção local. No dia 14, foi recebido ao almoço em casa de Manuel Eduardo Vieira, “O Rei da Batata Doce”. Neste dia, à noite, actuaram em Tulare.
No sábado, dia 8, teve lugar pela manhã o tradicional e elegante Bodo de Leite com Pezinho. Para além da missa e procissão de velas, da actuação da banda “Raça”, e apresentação de Rainhas, realizou-se uma grande cantoria com quatro cantadores dos Açores e quatro na Califórnia: João Ângelo, Maria Clara, Bruno Oliveira e José Eliseu; Adelino Toledo, Alberto de Sousa, José Ribeiro e Manuel dos Santos.
No domingo, dia da minha chegada, realizou-se a procissão, missa solene, recitação do terço, ofertas de sopas e carne a todos os presentes, leilão de gado, baile e cantoria. Só cheguei a horas de assistir a esta última. Como no sábado, a cantoria do domingo encheu o parque de admiradores desta arte de improviso, como nunca se tinha visto, para assistirem às cantigas dos cantadores José Eliseu, João Ângelo, Maria Clara, e Bruno Oliveira, vindos dos Acores, para alem dos quatro locais. Duas referências especiais a João Ângelo e Bruno Oliveira: ao primeiro por ser talvéz a última vez que cá vem cantar, no dizer do mesmo; ao segundo pela espetacularidade que tem criado em quase todas as cantorias que tem cantado, arrastando atrás de si uma assistência muito acima do normal nas cantorias.
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E em Gustine, no sábado, Bruno Oliveira, não deixou de causar sensação ao cantar com o improvisador do sul da Califórnia, Alberto Sousa, quando lhe falou no “intocável” assunto da cabeleira postiça. O mau estar de Alberto Sousa foi visível, pior ainda a contestação de parte do público presente, e um apoio maioritário a Bruno Oliveira, que mais uma vez recebeu muitas palmas.
Este tema “incendiou” as conversas e opiniões dos amantes do improviso, nos dias seguintes, mesmo a nível da comunicação social local portuguesa, dividindo-os em dois grupos: a favor e contra a atitude de Bruno.
No domingo, José Eliseu e Bruno Oliveira abriram a cantoria e efectuaram um desafio de bom nível para consolo dos presentes, que dispensaram muitas palmas a qualquer um deles; o segundo desafio, entre José Ribeiro e Alberto Sousa, esteve um pouco abaixo do que qualquer um deles é capaz de fazer; o terceiro desafio da noite, entre João Ângelo e Adelino Toledo, agradou aos presentes, que manifestaram o seu gosto com algumas palmas. Antes do desafio de despedida, cantaram Manuel dos Santos e Maria Clara que teceram boas rimas de improviso à volta do tema de Maria e Mãe.
Na segunda-feira, dia 10, participei na corrida de toiros na praça de Gustine, a qual se encontrava cheia, para assistir ao concurso de Ganadarias e ver os cavaleiros. Participaram na corrida três cavaleiros: o local Paulo Ferreira e os terceirenses Tiago Pamplona e Rui Lopes. O prémio para o melhor toiro foi entre a Manuel de Sousa Jr., da Ganadaria Pico dos Padres, e o de melhor apresentação foi para a Ganadaria Açoriana, entregue a José Manuel Martins.
E assim terminou mais umas grandes festas de Nossa Senhora do Milagres, em Gustine, Califórnia, que comemorou 76 anos de existência.
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